Cilene Aparecida, Eliane Rafalouski e Sueli Rodrigues

Uma pessoa doente precisa de um bom atendimento médico, medicamentos eficientes, repouso e alimentação saudável. Com todos estes itens, a recuperação e o retorno para casa serão breves.

Na Santa Casa de Igarapava, alimentação é coisa muito séria, começando pelos ingredientes. Atualmente, a cozinha do hospital conta com 90% de produtos doados.

A nutricionista Eliane Rafalouvschi Alves Pimentel trabalha na Santa Casa há onze anos e o trabalho dela só é possível porque conta com a solidariedade das pessoas.

“A gente recebe doação de muita gente. Contamos com ajuda dos comerciantes locais, trocando um produto que tem em excesso por outro que, às vezes, falta. É muita gente envolvida e empenhada no mesmo objetivo”.

Mas quando a Lia começou o seu trabalho na Santa Casa não era assim. “A primeira coisa que percebi é que as refeições não tinham verduras. Faltavam folhas nos cardápios. Fiz uma parceria com o senhor que tem uma horta e no mesmo dia já consegui pegar alguns produtos. Foi assim, um contando para o outro, até chegar em tudo o que recebemos hoje”.

E se os alimentos chegam à cozinha com tanta solidariedade, nada mais justo do que dar a eles um tempero especial: amor.

“Eu sempre falo com as meninas para fazermos tudo com amor. A pessoa que recebe essa refeição está acamada, tudo o que ela precisa é do nosso respeito e do nosso carinho. Além disso, o alimento é sagrado. Não podemos perder e desperdiçar nada. Sempre aproveitamos tudo o que ganhamos”.

Superar os desafios diariamente com aprendizado constante é a definição do trabalho da nutricionista.

“No começo foi muito difícil. Quando cheguei aqui não tinha experiência com nutrição hospitalar e fui sempre aprendendo. A gente não pode cair na rotina. Às vezes, um produto que estava faltando na despensa, mas chega através de um desconhecido, nos motiva. Você pensa no quanto as pessoas se dedicam e descobre que nem tudo está perdido. As dificuldades vêm para a gente aprender a ser mais fortes”.

É por acreditar que nem tudo está perdido, que a Lia tem conquistado alguns feitos importantes para melhorar a alimentação dos pacientes. Desde janeiro, a Santa Casa tem disponibilizado a quinta refeição no cardápio.

Eliane Rafalouski

“Uma coisa que a gente lutou muito para ter no hospital. Antes, o paciente recebia o jantar às 17h30 e mais nada. Agora temos a ceia, com chá e bolacha, que é servida às 20h. Temos a parte de nutrição clínica. A gente visita os pacientes, todos os dias, para verificar a ingestão alimentar, as dietas, quem está comendo, quem não está.  Conseguimos implantar a orientação de alta. Quando o paciente vai para casa, ele sai do hospital com estas orientações alimentares. Desde 2012, temos a dieta por sonda fechada e a Santa Casa trabalha com o melhor produto do mercado, nivelado a grandes hospitais. Tudo isso alcançado com muito esforço”.

Em contrapartida a tanta dedicação, Eliane conta com uma administração que lhe dá autonomia para a realização do seu trabalho e que a apoia nos momentos mais difíceis da sua vida pessoal.

“Eu tenho muita liberdade para trabalhar e isso me ajuda muito. É preciso falar também da seriedade com que a Dra. Iracema conduz tudo e que se empenha junto com a gente. Quando o meu pai ficou doente, ele teve câncer e foi mutito difícil. Recebi muito apoio de todos no hospital. É por isso que realizo a minha função com muito respeito à instituição que me acolheu, que me deu emprego e que me ajuda na formação da minha família”.

Trinta e dois anos de dedicação à Santa Casa

Sueli Rodrigues

Por falar em família, a Sueli Rodrigues tem a Santa Casa como integrante da sua. São 32 anos e dois meses dedicados à cozinha da instituição.

“Eu devo tudo à Santa Casa. A criação dos meus filhos, o que eu tenho e o que eu sou. Náo consigo me imaginar fora daqui”.

O relato emocionado não emite tristeza, mas gratidão. Separada e mãe de dois filhos, foi ao lado dos pais e com o emprego na Santa Casa que ela conseguiu transformar as suas crianças em adultos honestos e trabalhadores.

Quando Sueli começou a preparar as refeições da Santa Casa, tinha 27 anos. Hoje, aos 59 anos, ela já se aposentou, mas não pensa em deixar o trabalho.

“Só se me dispensarem. Por enquanto fico aqui fazendo meu trabalho, com muito amor, carinho, asseio, porque sei que as pessoas que estão aqui precisam disso”.

Em mais de três décadas exercendo a mesma atividade, é natural que Sueli tenha enfrentado desgastes. Mas, para ela,  foi fácil manter o trabalho focada nos filhos e em consideração ao apoio que recebe da Santa Casa como empregadora.

“Teve momentos na minha vida que tive muita dificuldade. Enfrentei o problema de saúde do meu pai e a Santa Casa me deu muita força. Atravessei uma fase muito difícil com o meu irmão com câncer, foi um ano e três meses de luta e todos, inclusive a Dra. Iracema, me apoiaram demais”.

As lições de amor, tanto de quem doa os alimentos à Santa Casa quanto das pessoas que os preparam, devem ser preservadas.

Não há nada que a gente faça com amor que possa dar errado. Esse sentimento de gratidão que a Lia e a Sueli relataram em seus depoimentos, são recíprocos à gratidão que a Santa Casa tem a estas duas profissionais. Estamos certos de que o apoio nas horas difíceis será mantido, assim como o orgulho por tê-las diariamente caminhando conosco.