“Não tenho medo de morrer, só tenho medo de não poder fazer as coisas e depender dos outros”.

Aos 77 anos, Oliveiros Monteiro já está aposentado, mas repudia a ideia de ter que deixar o trabalho.  Afinal, são 49 anos exercendo a função de técnico em raio-x, na Santa Casa de Igarapava. Quase meio século de histórias vividas na instituição.

O ex-caminhoneiro foi contratado como motorista, mas assim que surgiu a vaga no raio-x, ele tratou de fazer cursos para se especializar na área.

“Na época não tinha faculdade. Fiz enfermagem e fui para São Paulo fazer o curso de técnico em raio-x. Para aprender, porque não sabia nada”, conta.

Reservado e com tom de voz baixo, Oliveiros foi contando um pouco da sua história. Sua esposa, Maria Delminda, trabalha no setor de enfermagem, também na Santa Casa. O casal tem duas filhas, “já encaminhadas”, como conta o pai.

“Não dou conta de ficar em casa. Já falei com a minha mulher, se for pra ficar em cima de uma cama, não vou ficar. Não tenho medo de morrer, só tenho medo de não poder fazer as coisas e depender dos outros. Prefiro cair aqui trabalhando”.

Pontual, dedicado e sereno. É assim que os colegas de trabalho descrevem o técnico de raio-x

Há seis anos, Oliveiros teve que ser submetido a uma prostatectomia. O câncer na próstata, tratado e curado, também não o assustou.

“O médico me disse que eu tinha 99% de cura com a cirurgia, então eu perguntei, que dia vamos fazer? Não fiquei com medo. Tinha que tratar, tratei, acabou”.

Entre uma chapa e outra, Oliveiros foi ensinando a receita para permanecer por tanto tempo trabalhando no mesmo lugar.

“O que eu tenho hoje, para falar a verdade, eu devo à Santa Casa. Estou aqui, nunca discuti com ninguém e faço meu serviço como tem que ser feito, com seriedade. Acho que é por isso que tem dado certo este tempo todo”.

Pontual, dedicado e sereno. É assim que os colegas de trabalho o descrevem. Quando o equipamento de raio-x foi substituído por outro mais moderno, Oliveiros até achou que não fosse conseguir permanecer na função, mas não demorou para dominar a nova ferramenta de trabalho.

Falar das pessoas que contribuem com a Santa Casa, não é apenas a maneira encontrada para agradecê-las.

Ter colaboradores com tantas histórias, que fizeram suas vidas dentro da instituição, formaram famílias e criaram seus filhos, é um bom motivo para nos orgulharmos.

Orgulho de poder dizer que um homem bom, honesto, trabalhador e lutador, como o Oliveiros, escolheu a Santa Casa para dedicar o seu tempo, o seu trabalho e a sua vida. Que sorte a nossa!